Meu Presente de Natal
Parece até fora da curva imaginar que alguém já tão vivido (e bem vivido, diga-se de passagem) ainda acredite que o Bom Velhinho vai chegar junto. Afinal, ele tem o universo inteiro para atender — e, se duvidar, deixa Shopee e Amazon no chinelo. Mesmo tendo me comportado extremamente bem este ano, confesso que é difícil esperar algo do condutor de renas (já imaginou se isso cabe um processo?).
Por que cheguei a essa conclusão? Muito simples: no ano em que eu dava como certo o tão esperado presente, ele veio… mas trocado. Sim, meus amigos, depois de tantas solicitações, cartas, indiretas e diretas, o Velho Claus errou. Pedi um patinete e recebi um patins. Isso mesmo. E, para piorar, o patins era daqueles dos anos 60, uma verdadeira peça de armadura medieval.
Fiquei ali parado, segurando aquelas duas botas de ferro nas mãos, literalmente sem palavras ou ação. Mas quando levantei os olhos e vi aqueles lindos olhos verdes brilhando, cheios de alegria por ter conseguido me presentear, entendi tudo. Aquela imagem valeu mais do que qualquer presente, até mesmo o tão sonhado patinete.
Hoje, o presente que recebo todos os dias é bem diferente. E acho que ficou melhor assim, tanto para mim quanto para o Noel — afinal, não sobrecarrega as renas, que já carregaram os patins de ferro.
Quando já se passaram 65 panetones, você entende que o verdadeiro presente está em coisas simples: dormir e acordar, olhar ao redor e ver sua mulher e seus filhos com saúde, e ter amigos e parentes que aparecem para te dar a mão justamente quando a esperança sai para tomar um café.
O presente é ter a alma limpa, a consciência tranquila e o coração em paz. É perdoar quem te feriu, mesmo aquele que tirou aqueles lindos olhos verdes que tanto amava. É seguir os conselhos de Chico Xavier e do nosso mestre supremo, Jesus Cristo.
Por isso, renove suas esperanças. Seja claro nos seus pedidos — afinal, Noel pode até trocar o presente, mas, com o tempo, você vai entender que ele nunca erra de verdade.